Fogo Fogo • Portugal
16 junho • 22h30 • Praça do Povo - Funchal • Entrada livre
O berço que vê nascer Fogo Fogo é vibrante e especial: é uma Lisboa onde cabe toda a África, sobretudo a que fala português, tanto a do futuro como a do passado. Um lugar onde ainda é possível encontrar as obscuras pérolas de edição de autor que a diáspora de Cabo Verde gravou e que o mundo nunca ouviu. Essa é a Lisboa que, qual vulcão, expeliu Fogo Fogo.
O projecto de Francisco Rebelo (baixo), João Gomes (teclas), Edu Mundo (bateria), Danilo Lopes (vozes/guitarra) e David Pessoa (vozes/guitarra) representa a força experiente e enérgica destes músicos que há muito nos habituaram por esses palcos fora. Os cinco juntos somam quase 120 anos de carreira. Cada um deles é dono de um talento imenso, consolidado pela experiência de anos em alguns dos maiores palcos do mundo.
Fladu Fla (2021, Rastilho Records) é o primeiro disco de originais de Fogo Fogo, depois de editados três EP’s: Dia Não (2019), Nha Cutelo (2018) e Fogo Fogo (2015).
Em março 2020, a poucos dias do início da pandemia, Fogo Fogo terminam a gravação do álbum, contando com a presença de Jon Luz no cavaquinho, Djair e Zé Mário nas percussões e, na co-produção e mistura, do brasileiro Kassin e do norte americano Victor Rice.
A capa do álbum é do artista visual Vhils.
Fladu Fla, composto por oito temas originais e mais outros dois escolhidos do cancioneiro de funaná, sugere-nos um olhar telúrico e de protesto através de alguns costumes e expressões cabo-verdianas. É o caso da canção que dá nome ao disco e que aborda o costume da maledicência e da perpetuação do boato, da notícia sensacionalista pouco fundamentada.
Encontram-se, igualmente, temas mais leves ou sentimentais no repertório, envolto de muito movimento, psicadelismo, dança, calor e amor.
Nástio Mosquito, poeta, artista plástico, actor e músico angolano descreve Fogo Fogo como “Mais uma celebração da cultura do baile, do quintal, do clube e dos exageros familiares da carne e do coração (…) Testemunhar a poeira que a banda gera (…) é algo que se inspira, e inspira. Oiço Fogo Fogo e não penso em multiculturalismo. Oiço Fogo-Fogo e sinto que eles me pertencem. Presenciar Fogo Fogo alimenta partes em nós que se revelam famintas de troca humana. É suor-perfume que nos lembra que ter vontade por vezes basta"